sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

El Nacional


Cenário de importantes acontecimentos da história de Cuba, o octagenário Hotel Nacional mantém a imponência dos velhos tempos, quando hospedava gente como Jean Paul Sartre, Winston Churchill, Fred Astaire, Rita Hayworth e muitos outros. Diz que Frank Sinatra e Ava Gardner viveram parte de seu romance nas suntuosas suítes do Nacional. E que Al Capone mantinha um andar só pra si até a vitória da revolução.
O lugar é mesmo lindo. Tem o lobby com pé direito de uns 12 metros, elevadores onde dá até medo de entrar, paredes de azulejos sevilhanos multicoloridos, estátuas de mármore, museu e fotos de Che Guevara pra todo lado.
Mas o mais bacana no Nacional é o imenso terraço-boteco com poltronões de vime em frente ao jardim, onde você pode tomar um bom mojito e ficar vendo a fauna passar mesmo que não esteja hospedado no hotel.
Tem gente do mundo todo e de todo tipo lá no terraço: jovens espanhóis de barba e boina à la Guevara, garotas branquíssimas com falsos dreadlocks e chinelo de couro, casais abonados canadenses que vão a Varadero jogar golfe, muitos ingleses, italianos (os campeões do turismo sexual na ilha), turcos, australianos e finlandeses.
Aí você fica ali bebendo e conversando com seus novos amigos e quando se dá conta o sol já foi embora e você está levemente (pesadamente?) embriagado com os mojitos do barman William.
O único revés é o preço. Quatro pesos convertibles o drinque, quase o mesmo que ganha mensalmente para lavar o chão de um hospital a mãe de uma garota que conheci por lá.
A mãe de Heidy recebe 120 pesos cubanos, mais ou menos 5 pesos convertibles, que só podem ser utilizados por turistas.
Saber disso estraga um pouco o gosto da bebida.